Um e-mail para Sacha

Sonhei que você tinha morrido.
Digo 'sonhei' porque não considero sonhos tristes como pesadelos. Pesadelos são aqueles que dão medo.
E seu túmulo estava lá no Parque das Dunas, mas não lembro o que estava escrito nele.
E eu e mais algumas pessoas nos aproximávamos, apesar de eu não lembrar quem eram algumas delas.
Elói era o primeiro a se aproximar do túmulo. Ele o cobria de flores, margaridas, como eu reconheci no sonho, e depois beijava a lápide.
Nessa hora, ele desabava, chorando. Ele parecia estar tentando se conter, antes. Eu lembro de também ter começado a chorar nessa hora.
Depois Elói meio que se afastava do túmulo, arrasado, e nessa hora você aparecia para se despedir da gente.
Era engraçado como essa aparição pareceu a coisa mais normal do mundo, como se a gente já esperasse por isso.
E eu lembro de ter sido a primeira a ir te abraçar e você, brincando, dizia:
"Ah, Luciana, eu sei que você me odeia!"
E eu: "Não, eu não te odeio."
"Promete?"
"Prometo."
E depois eu falava sobre como ia sentir sua falta e sobre como o Liras, o grupo, sentiria sua falta, mas no mesmo momento eu me tocava de que não podia existir o Liras sem uma de suas integrantes. Porque o Liras, assim como as letras que compõem o nome, não estaria completo.
E aí Rafinha se aproximava, também querendo se despedir, e eu me afastava indo sentar embaixo de uma árvore próxima. E, alguns momentos depois, estávamos nós três [eu, você e Rafinha], todas sentadas embaixo dessa árvore e Rafinha, com aquele jeito dela, dizia:
"Então, Sacha, conte-nos algo sobre você."
Porque era nossa última chance de saber.
E a gente começava a rir do quão irônica, de certa forma, e estranha essa pergunta era.
Nessa hora, eu acordei.

Por algum motivo, achei importante contar esse sonho pra você.
Tipo, eu sonho praticamente todas as noites [e tardes, se eu estiver dormindo, como foi o caso desse], todo mundo sabe disso.
Mas esse foi um daqueles sonhos com imagem bastante clara, de certa forma, no sentido de poder ver bem as pessoas [as que eu citei, pelo menos]. E eu digo isso porque, na maioria das vezes, meus sonhos são bem escuros, tanto os lugares quanto os rostos das pessoas.
Mas até o próprio cenário era bem claro, apesar de que o dia não estava quente. Era como se fosse de manhãzinha.
E, logicamente, eu não sei interpretar sonhos, então eu não sei o que ele significou. Mas, pela cultura popular, a morte em sonhos significa o crescimento pessoal, o nascimento de uma nova fase da vida. Talvez tenha a ver com você terminar o cefet, ou conseguir essa bolsa.
Bom, não sei.

Anyway,
se cuida. :)

Comentários

Sacha disse…
E-mail resposta para Luciana:

De fato, Lua. Só pode siginificar "renovação".
Minha vida tomou um rumo totalmente diferente, eu me sinto diferente. E foi uma mudança pra melhor.
E o seu sonho foi tão lindo, chega a demonstrar essa coisa boa que está para vir. Eu até me emocionei agora. Três pessoas presentes no sonho. Três pessoas que fizeram e fazem muita diferença na minha vida, e que talvez sem elas, eu não estaria onde estou hoje.

Ontem foi meu último dia no CEFET, entreguei o último trabalho, só volto lá no dia da formatura. Se você quiser ir, porde ir, mas acho que vai ser um saco. =P Todas aquelas frescuragens...
Provavelmente seu pai estará presente.
Enfim, deixei o CEFET pra trás. E foi uma coisa tão triste, mas ao mesmo tempo boa. Não sei, parece que todos aqueles momentos de Ensino Médio voltaram, tudo passou pela minha cabeça como se fosse um filme, desde o dia em que eu fui fazer a prova do PROCEFET até aqueles dias de aulas à tarde no 3º ano. Eu fiquei pensando: "Caraca, esse lugar me fez gente, o que seria de mim sem ele?" E as pessoas, aaaah... as pessoas. Meu Deus, esses tempos não voltam, mas foram os melhores.

Pois é. Nova fase, fase de responsabilidades. Acho que pela primeira vez me sinto adulta.
Achei impressionante você ter sonhado isso justamente agora, em que todos esses sentimentos estão se aflorando em mim. No fim das contas, as LIRAS têm mesmo uma ligação muito forte.

Te adoro, Lu.
Tô aqui, viu? Sempre.

Beijos,
Sacha
Srta. Pinheiro disse…
=)

Eu fiquei com vontade de chorar. Não pela parte triste do sonho, mas de saudade. Eu percebi que não terei amizades iguais as de vocês, porque eu já não sou mais a mesma que eu dia eu fui. As coisas mudaram, como sempre mudam, mas continuam as mesmas.


Amo vc, moças.

=*
Anônimo disse…
=(
Anônimo disse…
Que droga,Luciana..por que toda vez que eu to terminando alguma coisa no cefet tem alguém pra me fazer chorar?









pois é..bem triste sair do cefet. Bem triste também pensar nas coisas que acabei deixando pra trás lá naquele lugar..não que eu quisesse,simplesmente aconteceu.
A frase é meio clichê,mas.. eu realmente voltaria e viveria tudo de novo. Talvez mudando algumas pequenas coisas,porque são elas que realmente fazem a diferença.


Se cuida Sacha!
Abraço pra vocês!
Anônimo disse…
Ah, e finalmente alguém postou!



=D
Rafael disse…
eu sempre gosto dos sonhos de luciana. geralmente ela me contava um monte deles, mas por nao estar se vendo mais todo dia acho que fica dificil ela me falar muito deles.

e eh isso a coisa que eu mais sinto falta, contato... perdi contato com muita gente que eu considerava amigo no cefet, tipo leonilson. e vcs tbm, apesar de eu ser soh um introsado, eu gostava de passar tempo com vcs, de ver vcs falando de malhaçao e outras novelas, de brincar de pezinho e coisas assim...
acredito que nao tenha criado nenhuma amizade como a que vcs criaram, e eh isso que eu gosto em vcs, por isso sempre incentivo vcs a se encontrarem, apesar de nunca me darem ouvidos ¬¬.

e quanto à "morte" de sacha, eu ficaria muito triste, tbm. ela eh uma pessoa que considero e acima de tudo respeito muito, apesar de todos os "problemas" que nós tivemos e tal. espero que essa nova fase dela seja realmente prazeirosa.

e postem mais! (isso é uma ordem)
Anônimo disse…
hm, caí aqui de pára-quedas, até me assustei quando vi uma referência no texto ao túmulo de Sacha (admito, tava só 'passando os olhos' no blog).

Mas agora li calmamente. Um belo relato, quase um documento sobre o elo que criam as pessoas que passam pelo Cefet, em maior ou menos grau.

Depois que o Cefet passa, todos sobrevivem. Mas... é diferente, né?

Vocês sabem bem.

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